Hora de agir!
Este breve histórico com certeza será familiar para alguns, pois já
divulguei em ocasiões especiais partes deste resumo.
Estas partes foram juntadas de forma sucinta para serem registradas nesta página.
No dia 12 de novembro de 2005 o núcleo completou sete anos de existência.
No ínicio com o nome NASA (Núcleo de Anistiados do Sindicato Nacional dos Aeronautas), e em 15 de junho de 2005 fundamos a UNAA (União Nacional de Aeronautas Anistiados), sem vínculos com o SNA.
Não houve festa nem bolo. Mas a data merece uma retrospectiva.
Há sete anos atrás os aeronautas anistiados não possuíam qualquer tipo de organização.
Nos deparávamos com uma série de dificuldades no encaminhamento de nossos assuntos em relação à anistia política.
Com a criação do núcleo (NASA) em novembro de 1998, pessoas com consciência política e espírito de união se agruparam.
Consegui assim organizar os trabalhos e estabelecer os contatos devidos através de recursos próprios. Ou seja, ainda dava para tocar o barco.
Contava com uma ou outra colaboração de companheiros na troca de idéias, no apoio para continuar, no incentivo enfim, e sou grato por tudo.
Ocorre que toda a organização, pesquisa, contatos, estrutura, e encaminhamentos, ficava apenas para mim. E não me importava muito com isso. Sempre procurei me convencer de que todos têm um propósito de vida, um dom singular ou um talento único para dar aos outros. E quando misturamos esse talento singular com benefícios aos outros experimentamos o êxtase da exultação de nosso próprio espírito, entre todos, o supremo objetivo.
No entanto, nem tudo é poesia e em junho de 2001, eu ainda trabalhando, a empresa resolve acabar com as senioridades e, como coisa ruim não anda só, o INSS reduz o meu benefício em mais de 50%.
A partir deste momento comecei a solicitar a ajuda do SNA para continuar os trabalhos. Estava no caminho certo mas necessitava de mais estrutura.
Após enviar carta para a direção o assunto foi colocado em pauta na reunião de diretoria e o NASA reconhecido, em setembro de 2002, tendo a partir daí certo suporte, que compreenderia, passagens a Brasília, hospedagem e diárias de alimentação.
Vale registrar que todos os aeronautas envolvidos tiveram conhecimento deste meu trabalho, mas nem todos aderiram ao núcleo. Uns por puro descrédito. Outros por medo. Outros, infelizmente, envolvidos ou influenciados pelo diz que me diz, se "auto excluíram".
Sabedores que somos das dificuldades que o SNA sempre enfrentou em relação às finanças, em novembro de 2002 o núcleo se reúne e fica instituída uma contribuição mensal simbólica por participante para garantir uma estrutura básica de organização, englobando gastos com telefone, impressos, informática, transporte em Brasília, entre outros, com a finalidade de auxiliar nas despesas relativas ao encaminhamento de nossos processos de anistia.
Logicamente que esta quantia "simbólica" não cobria os gastos mas o objetivo era maior e eu equilibrava as despesas embutindo os gastos com este trabalho dentro do meu orçamento familiar.
Logo depois a empresa me demitiria e, não fosse a solidariedade de um pequeno grupo de amigos e o firme propósito de que o trabalho deveria continuar, eu não teria mantido a estrutura funcionando. Desempregado e com parco, para não dizer porco, rendimento mensal. Em mesa que falta o pão, falta razão. Sou eternamente grato a todos eles por terem acreditado e confiado em meu trabalho e investido no objetivo comum. Hoje, com 90% do grupo com os benefícios regularizados, o tempo mostrou que eles agiram acertadamente.
Daí em diante os contatos se intensificaram, os anos se passaram e a organização, união, determinação provou que supera qualquer obstáculo.
Lógico que foram anos duros para todos. Principalmente com as ameaças constantes de cassação dos nossos direitos divulgadas sem trégua pela mídia. Diga-se pela mídia tendenciosa e direitista (PIG) que em ritmo alucinado divulgava notícias que denegriam e, em alguns aspectos até condenavam, os que tinham direito à anistia classificando como benesses privilegiadas a reparação sem apurar fatos.
Como disse anteriormente, conseguimos que uma grande parte do nosso grupo, 90%, tivesse os seus direitos reconhecidos, novamente, pela lei 10559.
Mas o demônio da ditadura continuou atentando e alguns ilustres resolveram pegar carona na mídia inescrupulosa. Quiseram subir ao palco para ter o seu minuto de fama.
Uma liminar, que está mais para “eliminar”, pois elimina todo o conceito jurídico e constitucional caso prevaleça, nos deixa alarmados e incrédulos com tamanha aberração jurídica. É para rasgar a Constituição e clamar por Geraldo Vandré;
Vem, vamos embora, que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora não espera acontecer! (“para não dizer que não falei de flores”.)
E a hora certa sempre foi explorada com muita reflexão e discernimento.
Chegamos até aqui, mas alguns companheiros ainda estão aguardando.
Os que tiveram o processo analisado pela Comissão de Anistia, experimentam um certo sabor de vitória mesclado com apreensão. E pior. O que mais incomoda e entristece é que a lguns do nosso grupo sequer chegaram a pauta de julgamento até este ano de 2006.
O sentimento destes é de inconformismo, dúvida, medo.
O nosso é de constrangimento e impotência! Mesmo trabalhando para que os processos sejam julgados, nada acontece.
É como se ordem superior determinasse o engessamento das soluções. Será?
Tentativas reuniões e contatos diversos não faltaram. É lamentável!
Independente dos contratempos pode-se afirmar, com certeza, que colhemos muitos frutos deste trabalho graças a organização, união, estratégia e até obssessão as vezes...
Tenho plena certeza de que muito ainda teremos que fazer para garantir os nossos direitos ano após ano.
Termina um ano, mas não termina o trabalho.
Termina outro ano, mas não terminam os problemas.
Termina outro e mais outro ano, mas não termina a esperança.
Tenho convicção que juntos, como sempre permanecemos, iremos superar estes obstáculos. Costumo sempre dizer que o problema pode parecer ruim algumas vezes, difícil em alguns aspectos, insuportável em alguns momentos, mas nunca, em hipótese alguma, impossível de se resolver.
Ninguém foi esquecido. Ninguém foi favorecido. Ninguém é privilegiado.
Talvez tenha faltado de minha parte uma resposta esperada com ansiedade.
Aproveito para desculpar-me. É impossível agradar a todos todo o tempo. Eu mesmo me vi nestas condições e procurava respostas, mas não as tinha.
Temos motivos para comemorar sim e vamos comemorar. Não vamos esmorecer nunca! Vamos buscar tudo!
Vamos comemorar a vitória da união, da solidariedade, da organização, da amizade acima de tudo.
Vamos comemorar as nossas conquistas sem nos lembrarmos dos fantasmas que nos rodeiam e teimam em nos perseguir.
Somos sobreviventes. Somos aeronautas. Somos anistiados. Somos amigos. Isto é que vale!
Tarciso Tavares -TATO
Presidente